quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

ManInFeast - How One Becomes What One Is

Que acontece se juntarmos num disco a sonoridade de uns Isis, Tool, Porcupine Tree e Pink Floyd, com as influências literárias de Friedrich Nietzsche, Sir John Maynard Keynes Madame Blavatsky? A resposta: o EP de estreia dos lamecenses ManInFeast.

How One Becomes What One Is, é um disco de metal progressivo - bem moderno e arrojado q.b. - que a banda divide em três momentos: introspecção, revelação e assimilação.

Afonso Lima na guitarra, André Lobão na voz, José Santos no baixo e João Pina na bateria, lideram o grupo promissor, que gravou How One Becomes What One Is no verão de 2009, nos Blind & Lost Studios, sob a batuta de Guilhermino Martins (Thanatoschizo).

A banda disponibiliza ainda o EP para download gratuito. É só clicar aqui.


Para mais informações:

www.maninfeast.com/

info@maninfeast.com

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Parabéns a você - 30 anos de um muro que não caiu.



Tivesse eu mais 20 anos e teria a perfeita consciência da criação de um muro erigido por egos gigantescos e ilusões de grandeza de uma das maiores bandas do mundo.
The Wall, um dos álbuns conceptuais mais importantes e celebrados do mundo faz hoje - 30 de Novembro - trinta anos. E ainda não caiu.

Devia ter cerca de 9 ou 10 anos quando encontrei a VHS do filme de Alan Parker baseado no álbum dos Pink Floyd. Nunca mais me vou esquecer dos martelos gigantes, da guitarra desmontada até à última peça, do medo da escola, do ar lunático e perdido de Bob Geldof (Pink, no filme). Vou-me lembrar sempre também da explicação que o meu pai me deu: "Estes tipos são a melhor banda do mundo. E o The Wall tem uma música muito importante, que chegou a ser proibida em Inglaterra!". E não descansei enquanto não comprei o The Wall, para mim, numa loja obscura em Lamego. No pico da minha inocência, tudo aquilo me parecia muito grande e mirabolante. E ainda hoje parece.



A história escrita por Roger Waters - um auto-retrato? - é uma espiral de isolamento e depressão a que ninguém consegue ficar indiferente. Afectado pelos maus-tratos na escola, pela morte do pai e marcado por uma obsessão fora do comum pela sua mãe, Pink é uma estrela de rock que não tem nada. Nem a si mesmo. O enredo é perfeito - algo que falta por vezes a Tommy, Quadrophenia ou Ziggy Stardust - e, acima de tudo, real. A música, essa, é do melhor a que os Pink Floyd nos habituaram. Em grande, com orquestra, coros, derivações progressivas e interpretações vocais absolutamente imaculadas - quem não se lembra de The Trial? E para a história, dois singles: Another Brick In The Wall (de três partes, a segunda cantou-se um pouco por todas as escolas britânicas) e Comfortably Numb (o prog-pop num momento brilhante).

O muro imaginário de Pink saltaria, infelizmente, para a realidade. A nível de digressões e apresentações ao vivo o efeito era absolutamente espectacular - foram, a par de Milos Forman, os primeiros a derrubar um muro, como alguém me disse uma vez - e ansiado por todos os que acorriam aos seus concertos. Para a banda, infelizmente, seria um muro que não caíria mais. Richard Wright foi despedido da banda, Waters caía cada vez mais no seu egocentrismo desmesurado e a digressão atirou-os praticamente para a bancarrota. Daí até ao fim, foi uma questão de tempo. Muito curto.

Ainda hoje, o dublo álbum é referência para gregos e troianos e continua a ser tocado e comprado nos quatro cantos do planeta. E deixa-nos momentos de brilhante devaneio em fita - já remasterizada e lançada em DVD 5.1, recheado de extras e comentários e um storyboard imaculado - e em brilhantes apresentações ao vivo.

Não tenho os 20 anos a mais que idealizei no início do texto, mas o The Wall marcou-me como se os tivesse. O muro não caiu.

by T.